segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Seminário “FAMÍLIAS: Mudanças e Desafios - 15 anos a navegar com as famílias entre os séculos XX e XXI”.


No âmbito da celebração dos quinze anos de existência do Centro de Terapia Familiar e Intervenção Sistémica (CTFIS) esta instituição vai realizar o seminário intitulado “FAMÍLIAS: Mudanças e Desafios - 15 anos a navegar com as famílias entre os séculos XX e XXI”.

O seminário, dirigido a todos os profissionais da área social, saúde, educacional e judicial, terá como palestrantes o Dr. Manuel Lemos Peixoto (Presidente da Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar), a Dra. Sónia Guadalupe (Professora no Instituto Superior Miguel Torga em Coimbra), o Dr. Carlos Gonzalez (Terapeuta Familiar, Psicólogo no Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada) e o Dr. Nuno Ferreira (Diretor do Núcleo dos Açores da Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais). Este seminário contará ainda com a participação do Prof. Dr. Valentín Escudero, da Universidade da Coruña, para além de comunicações e workshops realizados pela equipa do CTFIS.
Esta iniciativa pretende dar a conhecer o trabalho desenvolvido pelo CTFIS ao longo destes 15 anos, ao mesmo tempo que se quer afirmar como um espaço de reflexão sobre o futuro e de encontro entre os profissionais do arquipélago que intervêm com as famílias em diferentes contextos. O seminário assume-se, como uma oportunidade para (re)pensar as mudanças e os desafios constantes com que as famílias e os profissionais se deparam numa sociedade em constante transformação. 
Mais informações:

www.seminario-ctfis.azores.net


segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Crenças, convicções e Dependência



“Não posso viver sem ti”.
A categoria de crenças e convicções, é um pouco particular, na medida em que reúne de modo específico todo um feixe de crenças e convicções sobre si mesmo, sobre o outro, o amor, a relação, os homens e as mulheres. Trata-se de uma interacção de certezas que instalam processos de dependência no casal ou de co-dependência.
Na dependência existe uma pessoa dependente e um “fornecedor do objecto de dependência”. Se tomarmos como exemplo as condutas aditivas tal como a toxicodependência, deparamos com a pessoa dependente (o doente toxicómano), com o fornecedor (o vendedor) e com o objecto de dependência (o produto). Numa relação amorosa o esquema é o mesmo. Quando uma pessoa afirma: “Preciso de ti”. Está numa situação de procura e espera que o outro se torne o seu fornecedor de bem-estar, qualquer que seja a sua forma: sentimento de existir, de ser “uma pessoa bem”. Quanto ao fornecedor, este precisa na co-dependência- de poder desempenhar esse papel e de se sentir indispensável- é essa a sua razão de ser.
Uma codependência pode tornar-se depressa um suplício quando a pessoa dependente vive uma tortura quotidiana, face à ideia de uma ruptura potencial. Se o seu fornecedor deixar de lhe fornecer o objecto de dependência quem o fará? Quem responderá à sua procura? Quem poderá satisfazer as suas expectativas? A pessoa dependente tem a particularidade de estar persuadida que não consegue encontrar em si mesma os recursos para sobreviver à falta de produto, ideia que, por si só, a aterroriza.
Não haverá “algo que não bate certo” na ideia que consiste em pensar que “sem ele não me posso sentir completa”, “sem ela eu não sou nada”, “a minha felicidade só depende dele”, “ sem ela, a minha vida não valeria a pena ser vivida”? Frequentemente é por julgarmos precisamente que não podemos viver sem uma certa pessoa que somos geralmente incapazes de viver bem com ela.
Às vezes, os fornecedores estão cansados e, sobretudo, como na toxicodependência, é preciso ir aumentando as doses para evitar a aparição da síndrome de abstinência. O dependente pede cada vez mais, a quantidade nunca lhe chega (é o fenómeno de habituação), a sua ansiedade cresce e o fornecedor arrisca-se a ficar esfalfado. Mesmo que ele precise deste pedido para ter uma razão para existir, acontece-lhe sentir-se ressentido quanto é tão solicitado que não dispões mais de tempo ou energia para se ocupar, um pouco que seja, de si próprio.
(…)
Entre os parceiros tece-se então um imbróglio de laços e de emoções que, por vezes, acabam por criar uma confusão entre o sentimento amoroso e esta situação de dependência.
(…)
                                                                                              “Viver bem a vida de casal” (Pag.128-130)

                                                                                                              Tenenbaum, Sylvie; Carlos Oliveira

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

O CTFIS e o Festival das Sopas

"No dia 7 de setembro o CTFIS estreou-se no XV Festival de Sopa em Ponta Delgada, da organização conjunta da Casa do Povo de Fajã de Baixo e Casa de Saúde de São Miguel!

O tipo de sopa a concurso, não foi de fácil decisão...após várias experimentações e provas, "dignas de um Chef", a "Sopa de Abrótea" foi a escolhida para o julgamento do voto popular.

O CTFIS não subiu ao pódio, mas a sopa foi muito apreciada e a panela esvaziou-se depressa!

Foi uma experiência diferente da intervenção quotidiana, mas complementar à ação comunitária e humana que rege esta Casa.

Bem haja à Organização do Festival e Obrigado a tod@s que votaram na Sopa n.º 12!

Até para o ano!

P'lo CTFIS

Carla Tavares
Carolina Almeida
Eva Cardoso

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

XV FESTIVAL DE SOPA - 7 DE SETEMBRO/PARTICIPAÇÃO CTFIS‏

 
O Festival de Sopa surge em Setembro de 1998, por iniciativa da Casa do Povo de Fajã de Baixo. No ano seguinte, é convidado o Instituto S. João de Deus – Casa de Saúde S. Miguel a associar-se a este evento, passando o Festival a ser organizado e realizado dentro da Casa de Saúde, no entanto, aberto a todos.

 Todos os anos, a Casa de Saúde S. Miguel acolhe no seu interior as mais de 2 mil pessoas que, ansiosamente, esperam pela oportunidade de se poderem deliciar com a vasta variedade de sopas apresentada e com mais algumas novidades que têm sido implementadas nos últimos anos.
Contamos com a sua presença, prometendo-lhe desde já um serão com muita sopa, animação e alegria!"


O CTFIS amanhã, pelas 19h, alia-se a este bonito e já emblemático evento da nossa cidade!

Vem provar a "Sopa do CTFIS"!! vamos concorrer e esperamos o teu VOTO!



Junta família e amigos e vem divertir-te em comunidade!

Os bilhetes podem ser adquiridos na Casa de Saúde a 5€ para crianças dos 6 aos 12 anos, para séniores com mais de 65 anos e para portadores de deficiência e a 8€ para pessoas dos dos 12 anos aos 64 anos!

O bilhete inclui a prova de todas as sopas, um pão com bifana e ainda 2 bebidas!
 
Vem divertir-te no arraial!

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A Compaixão na intervenção psicológica


Ao ler o nosso blog, deparei-me com o texto da colega Eneida, que me deixou a pensar nesta mudança de paradigma sobre a qual ela nos questiona…

Os conceitos orientais invadiram, inegavelmente, várias áreas do conhecimento ocidental, e tornaram-se (quase) uma moda, para o bem e para o mal. Mas concordo com a Eneida, que nos faz pensar sobre a utilidade, neste caso, de muitos dos conceitos vindos da filosofia budista. De facto, tenho vindo a perceber que, como defende Dalai Lama (2003): “O budismo e a ciência não são perspectivas conflituosas sobre o mundo e sim diferentes abordagens para o mesmo fim: a busca da verdade […] expandindo o nosso conhecimento e compreensão.”

Para mim, um dos conceitos inspirado na filosofia budista que me parece poder ser um grande contributo para a prática da Psicologia (e para a intervenção na área social em geral) é o conceito de compaixão. De facto, se o sofrimento é uma experiência inerente à condição humana, bem como as nossas tentativas de o cessar, o que poderemos fazer para escapar à “ignorância” que a Eneida refere e que nos mantém neste ciclo vicioso de mais sofrimento (ou dukka, também traduzido como doença…) sempre que procuramos sair dele?

A propósito, escreve Gilbert (2009): “A compaixão (que é um componente do loving-kindness) envolve estar aberto ao sofrimento de si mesmo e dos outros, de uma forma não defensiva e não crítica. A compaixão também envolve um desejo de aliviar o sofrimento, cognições relacionadas com a compreensão das causas do sofrimento, e comportamentos – agir com compaixão. Assim, é da combinação de motivos, emoções, pensamentos e comportamentos que a compaixão emerge. […] Todos os seres sensitivos procuram estar livres de sofrimento. Contudo, muitas das nossas formas de tentar reduzir ameaças e alivar o nosso próprio sofrimento e angústia, tais como buscar o amor/aprovação de outros humanos, fama, glória, sexo ou saúde podem oferecer-nos apenas um conforto temporário (todas as coisas são inconstantes). Mais que isso, podem deixar-nos ainda piores na medida em que podemos vir a desejá-las, temer a sua perda ou, na sua busca, podemos distorcer o nosso sentimento de self e criar inveja e sofrimento nos outros. Buda argumenta que “tornar-se iluminado” e criar um estado interno de “estar numa felicidade pacífica” seria ver para lá destas “ilusões e aflições” através do treino da mente. Cultivar o loving-kindness e a compaixão por si mesmo e pelos outros seria um caminho para a libertação do sofrimento para todos.” 

Se por um lado, por inúmeras variáveis, o ser humano mostra frequentemente a sua tendência para a crueldade e agressividade, é igualmente verdade que a afiliação, o cuidado, a empatia e a compaixão parecem ser tão ou mais uma tendência natural dos seres humanos. E parece que as evidências apontam cada vez mais nesse sentido (e.g., http://visao.sapo.pt/estudo-mostra-que-cerebro-nao-distingue-o-eu-do-outros=f746771).

Não sei se abraçar estes conceitos representa a mudança de paradigma sobre a qual a Eneida nos questiona, mas faz-me muito sentido que a aceitação compassiva da experiência, sem crítica nem julgamento, possa minimizar muita das nossas angústias que, na sua maioria, têm a sua raiz num passado que não conseguimos mudar ou num futuro que não podemos controlar… Resta-nos o presente, por isso, sejam compassivos … J

 

Marta Capinha

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Félix Castillo no CTFIS


No passado dia 8 de agosto no espaço/tempo de Supervisão habitualmente conduzido pelo Dr. Carlos González, o supervisor técnico do CTFIS, tivemos a presença do Prof Félix Castillo, Director do Máster em Coaching Sistémico da Universidade Autónoma de Barcelona.

Foi apresentado um caso por duas técnicas da equipa de Terapia Familiar, e o Grupo foi composto por membros desta equipa e da Equipa de Integração Familiar.

Foi interessante a forma como foi conduzida a reflexão sobre o caso, uma vez que não foram explorados dados informativos do caso em si. Foi feita sim, uma exploração cuidadosa das emoções das técnicas que acompanham o caso. E como esta reflexão permitiu uma nova perspetiva sobre o caso.

No final, o Prof. Félix Castillo transmitiu ao grupo informação sobre o projeto de Coaching Social que está a ser desenvolvido em Barcelona.

“O Coaching propõe um olhar orientado ao que está presente e funciona, aos recursos, ao que se pode aproveitar e utilizar. Outra proposta do Coaching é a de podermos recuperar a responsabilidade sobre aquilo que nos acontece.

No âmbito deste projeto é proposto às equipas que desenvolvam um recurso que está nelas próprias e que tem a ver com, centrar-se no usuário, mas a partir da experiência do técnico. A partir da forma como o técnico se sente em relação ao caso; como se sente em relação aos colegas com os quais está a trabalhar no caso, sejam da própria instituição ou de outra; da forma como o técnico se sente em relação ao contexto no qual tem que desenvolver o seu trabalho, e desta forma então poder decidir sobre as intervenções mais úteis.”

 

O Dr. Carlos Gonzalez partilhou um poema de Rumi:

O “ser humano” é uma casa de hóspedes.

Cada manhã é uma nova visita.

Uma alegria, uma depressão, uma maldade,

Um momento de consciência momentânea aparece

Como uma visita inesperada.

Dá-lhes as boas vindas e entretém-nos a todos!

Mesmo que seja uma multidão de mágoas,

Que violentamente tomam a tua casa vazia de mobília,

Mesmo assim, trata honradamente cada hóspede.

Ele pode estar a limpar-te

Para que possas receber uma nova alegria.

O pensamento obscuro, a vergonha, a malícia,

Recebe-os à porta rindo,

E convida-os para entrarem.

Sê grato por quem quer que entre,

Porque cada um foi enviado,

Como um guia do além.

Rumi

 

Pela abertura e partilha das técnicas que apresentaram o caso, pela qualidade da condução do grupo pelo Prof. Félix Castillo, pela participação rica do Dr. Carlos Gonzalez, pela complementaridade que se criou entre as aportações de ambos e pela qualidade acolhedora do Grupo, construiu-se um ambiente de aprendizagem grupal e individual, em que se alimentaram as relações e inter-relações.

Uma tarde cálida de Agosto em que não demos pelo passar do tempo. Pela minha parte agradeço a tod@s.

Joana Vasconcelos

 

terça-feira, 23 de julho de 2013

A Sistémica e o Budismo – que semelhanças?!....


A uma primeira vista, juntando estes dois campos do saber, a primeira reação é afirmar que não existe qualquer relação ou pontos em comum, principalmente se insistirmos em manter uma visão mecanicista e redutora da Ciência, em que os campos do saber e do conhecimento se restringem ao observável, fatual e objetivo. No campo da experiência humana, sabemos agora em pleno século XXI, que esta visão em nada ajuda a uma compreensão holística da complexidade inerente ao funcionamento humano, em todas as vertentes que ele implica.

A Sistémica revolucionou o campo da Psicologia e afins, ao buscar conceitos da Física, da Antropologia, etc, na procura de uma explicação cada vez mais satisfatória daquilo que efetivamente é e poderá ser a experiência humana, a compreensão da realidade e a captação do mundo que nos rodeia. Ao se deixar influenciar por todas estas áreas, que de simples, nada possuem, aumenta naturalmente o nível de complexidade na exploração e compreensão dos fenómenos a que se propõe estudar.

Por outro lado, o Budismo; considerado erradamente por alguns, como a “religião das elites”, este campo filosófico vai muito mais além dos critérios que definem uma religião. O Budismo é sim, uma Filosofia de vida, de compreensão da mente e experiência humanas, considerado como a verdadeira “Ciência da Mente” (National Geographic, 2009). As raízes daquilo que viria a ser o Budismo remontam a 2500 a.C., na Índia, onde o primeiro passo para a construção desta Filosofia surgiu paralelamente ao nascimento de Sidharta Gautama, que viria a ser intitulado, 30 anos após seu nascimento, o “Buda”, ou o “iluminado”. Esta terminologia nada mais é, do que fruto das suas experiências, das suas vivências e das interpretações ele lhes viria a dar. A própria biografia de Sidharta daria uma bela interpretação sistémica daquilo que é a existência humana, os vários ciclos de vida pelos quais passamos, etc.

Para alcançar os objetivos propostos para esta reflexão, podemo-nos debruçar na exploração de dois conceitos centrais no Budismo e que apesar de não utilizados diretamente na sistémica, facilmente se perceberá a influência e importância que nela têm. O que nos importa aqui reter é mais o conteúdo do que propriamente a forma.

Os conceitos de Interdependência e Vacuidade facilmente cumprirão esse objetivo. Senão vejamos: estes dois conceitos remetem para dois aspetos da mesma coisa, são conceitos básicos filosóficos, específicos do Budismo, que remetem para a compreensão dos fenómenos, que pressupõem a não existência de uma essência sólida nos mesmos, uma vez que implicam uma interação entre os objetos para que possam se manifestar. No fundo, subentende-se que a forma como concebemos as coisas não é a forma real de como as coisas são, ou seja, cada fenómeno altera a sua condição conforme o contexto em que está inserido no momento. Aqui se encontra uma das primeiras associações claras: a noção de contexto, que poderá ser uma interpretação do conceito de interdependência. E não é a noção de contexto um dos pilares da sistémica?

A existência dos fenómenos é dependente da relação estabelecida entre os fatores que os compõem; ou seja, o todo influencia as partes e as partes influenciam o todo. Além de que todos os fenómenos existem em interdependência uns com os outros.

Esta reflexão sobre o conceito de Interdependência, Contexto, etc, poderá remeter para um dos termos introduzidos pelo percursor da sistémica, Gregory Bateson“o padrão que liga” - que é a meu ver, o conceito mais importante e mais abrangente dentro desta linha de pensamento. O “padrão que liga” surge da sua importante obra “Natureza e Espírito”, em que entre tantas outras coisas, Bateson reflete sobre a influência que todos os fenómenos têm na manifestação uns dos outros e no facto de ser impossível, um fenómeno existir independentemente do outro. No Budismo, uma das ideias centrais é esta mesma, o facto de todas as coisas estarem interligadas e interdependentes umas das outras; facto também defendido amplamente pela Física Quântica e que muito tem contribuído para uma compreensão dos fenómenos, quer físicos, quer psíquicos e até sociais. Ou seja, esta interdependência existe desde o mundo subatómico, ao mundo biológico a toda a manifestação cosmológica; os átomos influenciam-se, assim como os organismos, assim como os astros e vice-versa e estas interinfluências poderiam continuar a ser aqui descritas infinitamente.

Um outro conceito que surge associado aos anteriores, é o de Impermanência e que remete para a noção de que “nada é permanente, estático ou constante”; tudo o que existe está em constante mutação e transformação, logo, a estabilidade é algo utópico. Aqui podemos remeter para os conceitos sistémicos de entropia e negentropia, em que a busca de um funcionamento equilibrado é o objetivo de qualquer fenómeno; nesta busca, a mutação é constante e inacabada; esta noção pode ser facilmente aplicada ao campo na experiência humana e do autoconhecimento também.

Na exploração das Quatro Nobres Verdades do Budismo, podemos também encontrar alguns pontos em comum com a teoria sistémica e na interpretação que a mesma faz da Experiência Humana, senão vejamos:  

1.      Tudo é sofrimento;

2.      A causa do sofrimento;

3.      A cessação do sofrimento é possível;

4.      O caminho que leva à cessação do sofrimento.
 

Numa exploração superficial destas premissas, podemo-nos focar na reflexão do conceito de “sofrimento”, em que o Budismo nos diz que o mesmo é inerente à nossa condição humana, uma vez que ao interpretarmos a realidade, erradamente procuramos satisfação plena em fatores e elementos exteriores a nós próprios, logo, a felicidade nunca é encontrada na sua forma mais genuína. Na busca de uma explicação para a causa do sofrimento, surge o conceito de Ignorância, no sentido da ausência de conhecimento e de compreensão. Esta ignorância leva a uma interpretação errada da realidade e dos fenómenos que nos rodeiam, resultando no dito sofrimento; ou seja, o ser humano, não vivencia nada que não seja imediatamente interpretado, como positivo ou negativo. Esta interpretação é ainda mais evidente quando a realidade com que nos deparamos é vivida em função das experiência anteriores.

Esta interpretação da realidade é fruto de três filtros: as experiências vividas (Karma), as emoções e as tendências habituais, ou seja, uma certa predisposição para…Não remeterão estas afirmações para o conceito de realidade múltiplas, tão defendidas na sistémica e tão fundamentais na compreensão dos fenómenos experienciais? Não remeterá também para o conceito de Narrativas e da influência inegável destas na compreensão da Vida?

Como se pode constatar por esta reflexão, a ciência, como área do conhecimento que tenta compreender os fenómenos, sejam eles quais forem, em muito tem a ganhar ao abrir seus horizontes a outros campos do Saber, designadamente ao campo da espiritualidade e filosofias Orientais.

O Oriente já há milénios que coloca as mesmas questões que a Ciência Moderna, no Ocidente tem feito nos últimos dois séculos…não teremos a ganhar em procurar dentro destas tradições algumas das respostas que julgamos não existirem? O conhecimento objetivo é uma falácia dentro das áreas que se debruçam do Ser Humano…não estará na altura de mudança de paradigma?

  

Por Eneida Cardoso

Junho, 2013

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Trabalho Corporal e Terapia



Na passada semana de Junho, entre os dias 11 e 14, teve lugar no Ateneu Criativo em Ponta Delgada, o Workshop de “ Trabalho Corporal e Terapia”, dinamizado por Guadalupe del Aldea bailarina contemporânea e psicoterapeuta. 

            O início, para mim, foi marcado por várias expectativas. Por desejar alcançar o conhecimento pela técnica, pelos instrumentos, que se podem aplicar no trabalho com as famílias. Mas antes de profissional, senti-me pessoa, como diria a Guadalupe “antes de cuidar é preciso cuidar-nos”.

            Num trabalho em que a principal ferramenta são as emoções e sentimentos, foi importante para mim perceber a importância do corpo como veículo da sua expressão. Colocar-me em diferentes papeis, vestir vários personagens, sentir inúmeros sentimentos e emoções, ora positivos  ora negativos, fez-me estar mais consciente de ser pessoa e portanto estar viva.

            O movimento comigo mesma, com o outro e em grupo ou a imobilidade, permitiu-me experienciar diferentes sensações, assim como o impato do outro e a minha reação ao mesmo. Uma troca contínua entre o dar e o receber. Facilitou a consciência de cada parte do corpo e de como o espírito às vezes dele se apodera, de como a expressão corporal pode ser tão libertadora, quando as palavras não chegam...

            Como diria Kierkegaard: “Vivemos as nossas vidas para a frente, mas só as compreendemos apartir de trás.”

            Olhando agora para trás, o fim deste workshop afigura-se longíquo... É antes o começar de um processo em que a expressão de afetos, sentimentos e emoções é um contínuo desafio, e em que cada um irá trilhar o seu caminho nessa descoberta.

Eva Cardoso

sábado, 25 de maio de 2013

Pedra no Caminho

Há algum tempo atrás li algures uma lenda que rezava algo mais ou menos assim:
Havia um rei muito sábio que não se poupava a esforços para ensinar bons hábitos ao seu povo e para isso fazia com frequência coisas aparentemente estranhas.
-Nada de bom pode vir para uma nação, cujo o povo reclama e espera que os outros resolvam os seus problemas. As coisas boas acontecem a quem lida com os seus problemas – dizia ele.
Certa noite enquanto todos dormiam, ele colocou uma pedra enorme na estrada que passava pelo palácio. Depois escondeu-se atrás de uma cerca para ver o que acontecia.
Pela manhã, veio um agricultor na sua carroça carregada com sementes para entregar no palácio:
- Onde já se viu isto?! - disse contornando a pedra – Estes preguiçosos não retiraram esta pedra! - e prosseguiu o caminho, reclamando da inutilidade dos outros, sem contudo, ele próprio tocar na pedra.
De seguida, passou um soldado que cantando pela estrada, tropeçou na pedra e caiu.
- Bolas! - vociferou enquanto pontapeava a pedra e atirava terra para o ar, irado pela irresponsabilidade e insensatez de quem não tirava dali a pedra.
Todos os que por ali passavam reclamavam indignados pela presença da pedra no caminho.
Ao cair da noite, a filha do moleiro, cansada da sua jornada de trabalho, percorria a estrada do palácio. Ao ver a pedra estacou e disse:
- Está a anoitecer, podia ter caído aqui! E se a pedra amanhã ainda aqui estiver ainda posso cair ou pode alguém também cair e magoar-se. Vou tirar esta pedra daqui!
Tentou arrastar a pedra, mas era tão pesada...Então empurrou, empurrou e empurrou e ainda que aos bocadinhos de cada vez e levando bastante tempo conseguiu dali retirar a pedra. Eis que então, no lugar onde a pedra estava descobriu para sua surpresa, uma caixa. Levantou a tampa e leu: Esta caixa pertence a quem retirar a pedra e olhando para o seu interior viu que se encontrava repleta de ouro.
Quantas vezes nos deparamos com pedras no nosso caminho e quantas vezes as evitamos, contornamos, reclamamos por existirem, por alguém as ter lá posto e por nada acontecer para que deixem de lá estar. Contudo, esquecemos-nos ou não queremos ver que temos também responsabilidade na sua permanência no nosso caminho. Muitas vezes o medo de retirarmos as pedras do nosso caminho mantem-nos prisioneiros de situações que não nos satisfazem, ao fim ao cabo, não sabemos o que está para lá da pedra, não sabemos o que vai ficar se a retirarmos e mantemo-nos então "confortavelmente" instalados no desconforto, na incerteza, na dor, no sofrimento...Outras vezes, sentimo-nos incapazes e fracos para as removermos sozinhos ou até achamos que se elas ali estão, nada mais há a fazer do que parar de caminhar.
A terapia constitui-se como forte aliado para olharmos para as pedras que nos incomodam e nos dar uma nova visão tanto delas, como do desconhecido que está para além e no lugar delas. A terapia ajuda a encontramos dentro de nós " a filha do moleiro".
Elisabete Gomes

terça-feira, 21 de maio de 2013

Uma manhã com… a EIF




    A equipa de integração familiar (EIF) promoveu nos dias 8 e 15 de abril de 2013 um encontro intitulado “Uma manhã com… a EIF” junto da equipa multidisciplinar de apoio aos tribunais (EMAT), comissões de protecção de crianças e jovens (CPCJ´s) e núcleos de acção social (NAS) locais, equipas estas que se constituem, na maioria dos casos, os principais parceiros da EIF.
    Assim sendo, este encontro teve o propósito de dar a conhecer, de uma forma mais aprofundada, aquele que é o trabalho da EIF junto de famílias com crianças e jovens com processos de promoção e proteção, bem como reforçar a importância dos contributos do trabalho em rede neste âmbito, este último gerador da partilha de visões que contribuíram, a meu ver, para uma maior conexão dos técnicos, que afinal têm todos como objetivo comum uma intervenção familiar concertada e eficaz.


    Cristina Carreiro


segunda-feira, 29 de abril de 2013

O Pequeno Ditador – Da criança mimada ao adolescente agressivo


O psicólogo Javier Urra, defensor das crianças e jovens e que trabalha há mais de 20 anos com crianças conflituosas, vem com este livro ajudar os pais para que não temem os seus filhos e para que estes não sofram uma errada ou nula educação. Este autor ensina-nos os três pilares fundamentais para educar os nossos filhos: Autoridade, Competência e Confiança.

É preciso educar no respeito e afeto, transmitir valores, falar com as crianças, ouvi-las, ensiná-las a aceitar as frustrações, impor limites e exercer a autoridade sem medo. É preciso recorrer a ajuda especializada sem vergonha”.

Para refletir passo a citar uma passagem deste livro:
(…) As crianças que têm uma atenção excessiva frequentemente não conseguem ser independentes e aborrecem-se quando brincam sozinhas (…). A criança requer tempo livre para que aprenda a responsabilizar-se pelas suas próprias atividades e é necessário que a criança se aborreça para que gere outras ideias”.



segunda-feira, 22 de abril de 2013

A história da minha família e os seus membros de 4 patas


Ler a publicação da semana passada e o artigo de Froma Walsh sobre os membros da família de quatro patas, para além de ter sido uma delícia, fez-me pensar na minha própria experiência nesse campo, que hoje partilho aqui convosco na esperança de exemplificar na prática o que foi escrito a semana passada.

Tal como a autora da referida publicação, os animais de estimação, no meu caso os cães, desde cedo fizeram parte da minha vida. O primeiro cão que tive chamava-se Paquito e tinha claramente como função proteger-nos e à nossa casa de possíveis intrusos, a relação de afectividade com ele era muito pouca. Quando este cão morreu, tendo eu recebido a versão infantil do acontecimento, “ele fugiu...”, arranjamos o Tim-Tim. Tal como o Paquito, o Tim-Tim era um típico “cão das vacas” (como se diz por cá nos Açores) e a sua função era a de nos proporcionar segurança na nossa própria casa. O terceiro cão que tivemos, um cão traçado de caniche chamado Cajú, transformou o nosso relacionamento com os cães, ele tornou-se claramente um elemento da família com direito a ter a sua caminha dentro de casa, a ter mimos, a ter hábitos que todos respeitávamos e até a viajar connosco nas férias!! Posteriormente, tivemos ainda um pastor-alemão, o Wisky, que veio substituir o Tim-tim na sua função de proteção mas com quem já estabelecemos uma relação afectiva muito maior.

Da minha infância saliento, para além da companhia, a função protetora que muitas vezes é depositada nos cães e quão importante é esta função para o nosso bem-estar. Para além disso, e tal como é referido no artigo de Walsh, a morte do Cajú representou, para mim, a primeira perda de alguém significativo, com esse acontecimento aprendi a chorar alguém querido, a ter de me lembrar que não era possível estar a ouvir as patinhas dele a andar na tijoleira, pois ele já ali não estava, fui incapaz de visitar ao local onde o enterraram, juntamente com a sua cama e coberto na sua mantinha, tal como era incapaz de ir aos cemitérios. Passado algum tempo, aprendi a aceitar o que acontecera e a arranjar estratégias para ultrapassar essa dor. Outra situação curiosa que o artigo também refere é o facto de me lembrar do aniversário dos meus cães e de lhes oferecer um ossinho ou um brinquedo, de igual forma no Natal, a título de brincadeira, damos prendas em nome dos nossos cães!

A minha vida continuou e mantive a convicção “Quando for grande quero ter cães!”. Assim foi, já adulta, passado um mês de eu e o meu namorado estarmos a viver juntos recebi a melhor prenda de Natal de sempre dos meus pais e irmã, um labrador amarelo chamado Snickers. Tal como refere Walsh no seu artigo, com o crescimento do Snickers aprendi a acompanhar as diferentes fases do seu desenvolvimento, desde o tipo de alimentação correta em cada idade, o cair dos dentes, os brinquedos, as regras, as responsabilidades, os castigos, os deveres … O que hoje mais recordo dessa época é o sentimento de felicidade imensa que sentia quando chegava a casa, depois de ter um dia péssimo, e o via claramente feliz, a abanar a cauda, dirigindo-se para mim.
Recentemente, adoptamos uma cadelinha traçada de caniche e podengo, a Nina. Dei por mim com ela ao colo e tentando orientar o Snickers a fazer ou não fazer algo, pensando “Credo pareço mesmo uma mãe de 2 filhos”. Dizia muitas vezes a familiares e amigos “Parecem mesmo crianças, isto é um treino para ter filhos!”, mas sempre com algum receio que me achassem maluca por comparar um cão com uma criança, embora várias amigas confirmassem também sentir o mesmo.


Se a nossa relação com os nossos animais de estimação serve para aprendermos coisas sobre nós próprios, de igual modo, permite-nos conhecer melhor os outros, por exemplo, quando observo o meu namorado a interagir e mesmo falar com os nossos “patudos”, quando partilhamos as preocupações com eles, as idas ao veterinário, penso automaticamente “Ele vai dar um óptimo pai!”.

O artigo da Froma Walsh, ao explicar que esta relação humano-animal, veio confirmar que a minha experiência e os meus sentimentos (com certeza os de muitas outras pessoas) são reais e normais, que ter animais de estimação ajuda a preparar o nosso futuro, nos ensina e treina para diversas coisas e permite adquirir ferramentas importantes para o nosso dia a dia e para a relação com o outro. Para além disso, agora já posso explicar cientificamente à minha mãe esta adoração por animais quando ela me voltar a dizer “Mais um cão...assim nunca mais tenho um neto!”. :)

C.T

quarta-feira, 10 de abril de 2013

“Os nossos animais: membros da família, de quatro patas”


Um cão reflete a vida familiar. Quem é que já viu um cão brincalhão numa família taciturna, ou um cão triste numa feliz?” Arthur Conan Doyle


Ele reconhecia que eu estava triste, só pela forma como eu me aproximava dele, e isso incomodava-o. Suspirava, e olhava para mim com ternura, contrariamente aos momentos em que eu me aproximava dele feliz – nestas alturas ficava eufórico! Poderia estar a descrever uma interação com um companheiro, marido, pai, filho... Mas não, estou a descrever a minha relação com o Quicky, o meu já falecido cão.

Se eu escrevesse a história da minha vida, incluiria garantidamente os animais que tive, porque todos eles representaram algo para mim e ensinaram-me alguma coisa. Sempre senti que os animais exerciam uma função muito importante na minha família e na minha vida: na infância, eram companheiros dos momentos de brincadeiras e ensinaram-me a cuidar do outro; na adolescência, foram meus “confidentes” nas crises típicas desta fase, e a sua companhia numa caminhada era terapêutica; por algum motivo, quando me autonomizei, adotei uma gata, que exerce um grande papel na minha vida.

O artigo “Human-Animal Bonds II: The Role of Pets in Family” (em português, “Os Laços entre Humanos e Animais II: O papel dos animais de estimação nos sistemas familiares e na terapia familiar”), de Froma Walsh - online em http://universalhealing.vpweb.com/upload/Human-Anima%20Bonds%20II_%20Walsh.pdf - descreve os animais como elementos da família, que desempenham um papel no seio da mesma e em cada indivíduo. Segundo este artigo e os autores citados (Cain, Bateson, Cohen, entre outros) os animais de estimação desencadeiam um conjunto de interações que podem potenciar virtudes individuais e familiares, sugerindo até a inclusão dos animais em contexto de sessões em alguns casos específicos – algo em que Sigmund Freud foi pioneiro.

Passo a traduzir um excerto deste artigo: «Os jovens adultos, solteiros ou casais, frequentemente escolhem criar animais antes ou em vez de serem pais, ganhando assim habilidade para providenciar cuidados, afeto, colocar regras e limites e preocupar-se com outro ser vivo. Na meia idade, muitos pais cujos filhos estão a autonomizar-se viram-se para os seus animais de estimação, ou adquirem um novo, para preencher um vazio. Uma mãe, após os seus dois filhos mudarem-se, adquiriu dois cães. Quando os cães desenvolveram um laço forte entre si, tal como os filhos, os amigos elogiaram-na por educar tão bem os cães como os filhos.(...) Os animais de estimação são frequentemente a “cola” que mantém os elementos da família unidos e coesos (Cain, 1984). Eles melhoram a vida familiar promovendo maior interação e comunicação.

Quase metade das familias relataram que o seu animal de estimação recebe a maior parte do toque, olhar, palavras, sorrisos e gestos da família. É mais fácil focar a atenção e afeto num animal de estimação do que num esposo ou noutros membros da família. Num estudo sobre padrões de interação social no quotidiano dos casais, Allen (1995) descobriu que os casais com cães tinham um maior bem-estar, e aqueles com um maior vínculo e relação de confiança com os seus cães tinham uma relação mais duradoura. Curiosamente, falar com os cães para além do companheiro(a) está relacionado com uma maior satisfação com a vida, com a relação conjugal e uma melhor saúde física e emocional. (…) Na avaliação familiar, pode apurar-se muito acerca dos padrões relacionais questionando os elementos da família acerca dos seus companheiros animais. Apesar dos clientes poderem inicialmente ficar surpreendidos com o interesse do terapeuta, as pessoas que têm animais de estimação respondem com descrições da sua relação com aqueles. As suas histórias podem revelar informações importantes acerca da organização do sistema familiar, da relação de casal, da comunicação, dos processos de resolução de problemas, e das estratégias de coping com situações de stress. Detetar comportamentos de mau trato deliberado, ou vê-los ser negligenciados aquando de visitas, pode sugerir risco ou negligência não divulgada de membros da família, porque eles frequentemente coexistem. A crueldade das crianças para com os animais pode ser um indicador de outro mau trato existente na família, e é um fator de risco precoce de uma futura violência face outras pessoas.»

Sugiro a leitura do artigo, que pode abrir os olhos para a importância destes elementos da família, muitas vezes esquecidos na construção de um genograma/ história familiar.

quinta-feira, 21 de março de 2013

“Como posso dizer AMO-TE! Sem te magoar?”

Ao longo do tempo, no acompanhamento com as famílias, é inevitável não aprendermos imenso com as dúvidas dos pais. Dúvidas que, a bem ver, são as interrogações de tantas pessoas, quer estejam ligadas à parentalidade ou nem por isso, sejam meros observadores do comportamento das crianças e jovens ou protagonistas acérrimos no seu papel educativo.

E uma das questões mais controversas, que provoca uma panóplia de reações, é a de que UM BOM PAI, DIZ NÃO!

O tema da imposição de limites, como forma de amar, o como e o quando, desperta muitas emoções e um desejo, por vezes tímido, de bem-fazer.

Crenças como a que “um NÃO magoa”, de que “custa dizer NÃO”, de que “quem ama não diz NÃO”, do receio das consequências (birras, oposição, agressividade, choro…) fazem os pais os seus próprios reféns, desanimados na dúvida quanto à proporção da equação popular “polícia bom/polícia mau”.

Parece essencial conhecermo-nos e adaptarmos o SIM e o NÃO ao contexto-situação e à idade das crianças, equilibrando as respostas e os afetos, afastando os fantasmas que podem sussurar e fazer baixar a auto-estima dos pais.

 
A obra, precisamente, UM BOM PAI, DIZ NÃO, da autoria da Psicoterauta Asha Phillips (obra registada com o n.º 477 da Biblioteca do Centro de Terapia Familiar e Intervenção Sistémica) fala-nos de “como dizer NÃO aos filhos desde a infância à adolescência”. Uma boa leitura prática e um bestseller internacional.

terça-feira, 12 de março de 2013

Uma verdadeira história de superação

Tive contato com este video através do curso de terapia familiar on-line e adorei, é uma verdadeira história de superação, força de vontade e coragem...
No video, é explorada a insensibilidade humana nas sociedades, ressaltando a exclusão e a humilhação sofrida por essas pessoas, como se fossem culpadas pelos problemas nascidos com elas.
Este video fez-me refletir no dia a dia no CTFIS e nos "óculos" que colocamos ao olhar para as pessoas, bem como na forma como são influênciadas pelos contextos onde se inserem e principalmente na capacidade de mudança que têm quando existe incentivo, motivação, força de vontade e confiança.
 
 
Carla Tavares.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

O CTFIS desde a sua constituição propôs-se a promover a Terapia Familiar e Intervenção Sistémica, através da organização e desenvolvimento de ações, cursos e seminários, com fins informativos, formativos e de aperfeiçoamento de pessoas e entidades interessadas nos aspetos teóricos e técnicos ligados à terapia familiar e ao modelo sistémico.

A associação CTFIS surge após a realização do Curso de Terapia Familiar e Intervenção Sistémica em São Miguel, entre 1995 e 1998, em parceria com a Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar, tendo sido ministrado pelo Professor Doutor José Gameiro. Nesta formação participaram diferentes elementos que foram importantes, quer na constituição do CTFIS, quer na coordenação e supervisão dos técnicos que têm integrado a associação.

Desde então, a formação tem sido uma permanente área de aposta da associação, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento pessoal e profissional dos técnicos que trabalham com indivíduos, famílias e organizações, bem como para a difusão e aplicação do modelo sistémico nos diferentes contextos profissionais, nomeadamente nos contextos sociais, da saúde e da proteção de menores.

Vimos aqui relembrar alguns das pessoas que viajaram até São Miguel, e que uma forma muito especial têm deixado o seu contributo para a nossa herança formativa:

  • Doutor José Manuel Almeida e Costa e Professor José Gameiro (2001)
  • Dr. Iñaki Arramberi Miranda (2002)
  • Professor Juan Luis Linares (2003)
  • Professor José Gameiro (2004)
  • Doutor Manuel Peixoto (2005)
  • Doutor Jesús Rodríguez López (2005, 2006) e Doutor Andrés Mourinho (2005, 2006, 2008, 2009); Doutor Fernando López-Chaves (2007, 2008, 2009, 2012), Doutora Maria Riega Compadre (2009), Dr.ª Yudit Nunez (2012) da Fundação Meniños.
  • Professor Doutor Valentin Escudero (2007)
  • Professor Doutor Stefano Cirillo (2007)
  • Professor Doutor Wolfgang Lind (2010, 2011)
  • Doutor Marcelo Pakman (2011)
  • Professora Doutora Elena de la Aldea (2012)


segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Curso on -line Terapia Familiar – Intervevenciones Sistemicas


Começou a 7 de Janeiro de 2013 a minha viagem diária até Escuela Vasco Navarra de Terapia Familiar em Bilbao! Curso on -line Terapia Familiar – Intervevenciones Sistemicas"

O vídeo - “te atreves a soñar” representa o momento em que me encontro. Fazer o curso noutro idioma, com colegas de una cultura diferente é um desafio a cumprir, de construção e integração de novos conhecimentos!

Sigo encantada!



Ana Teves.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Ler, com un novo olhar


Há muitos anos atrás li um livro que me marcou e que voltei a ler recentemente, com um novo olhar, que de imediato me transportou para a realidade diária que vivo enquanto elemento do CTFIS. Este livro é “O Meu Pé de Laranja-Lima”, de José Mauro de Vasconcellos, escrito em 1968.

Sem querer entrar em análises literárias, ficaram-me do livro alguns temas com os quais nos deparamos na nossa intervenção: exclusão social, mau trato infantil, parentificação, dificuldades relacionais...e muitos, muitos mais. Contudo, como em todas as famílias, jovens e crianças que conhecemos no CTFIS, existe um mundo de potencialidades nas personagens deste livro, em especial no personagem principal, Zezé, de apenas 5 anos: curiosidade, criatividade, capacidade de amar e de construir realidades mais positivas, que lhe permitem viver. E uma muito importante: resiliência. E na vida desta criança (fictícia) assim como na vida das muitas (reais) que temos o privilégio de conhecer e que nos motivam a tentar fazer o melhor que pudermos para que o mundo à sua volta seja mais protector, existem figuras com potencial para exercerem um papel significativo e determinante na sua capacidade futura para superar as adversidades.

Neste livro esta figura chega na personagem de um “Portuga”, em nada relacionado com a criança, mas que desempenha um papel marcante na sua vida. Este “Portuga” pareceu-me muito um “tutor de resiliência”, conforme vem caracterizado no “Impacto da violência conjugal sobre crianças e jovens - Guia de Intervenção” (elaborado pelo CTFIS, entre outros parceiros): “...importa salientar o papel que o tutor de resiliência tem na capacidade do menor para superar as suas dificuldades e poder desenvolver uma vida agradável. Este é quase sempre uma pessoa adulta que se cruza com a criança e que assume para ele um significado de modelo de identidade, alguém que o faz questionar a sua existência e o ajuda a construir um ideal melhor e expectativas pessoais para o seu futuro. O tutor pode ser um profissional (e.g., professor, médico, etc.) ou não profissional (e.g., um amigo de família, um tio ou tia, um primo, um vizinho, etc.) e pode supor uma relação estável e duradoura ou um mero encontro significativo que proporcione um apoio ou uma inspiração cuja influência determina a sua trajectória e decisões vitais.”

Mesmo no fim do livro, diz o autor “ Hoje tenho 48 anos e às vezes na minha saudade eu tenho impressão que continuo criança. Que você a qualquer momento vai-me aparecer trazendo figurinhas de artista de cinema ou mais bolas de gude. Foi você, quem me ensinou a ternura da vida, meu Portuga querido. Hoje sou eu que tento distribuir as bolas e as figurinhas, porque a vida sem ternura não é lá grande coisa”