domingo, 18 de março de 2012

Bateson e a transcendência do EU

Olá a todos,
Estou a estrear o blog e gostava de experimentar este espaço sistémico com uma das ideias mais caras do pensamento sistémico. Estou a referir-me a um autor de todos conhecido e que continua raivosamente actual. Gregory Bateson
Quem quiser aprofundar em esta e outras ideias do Bateson pode consultar o livro de Paolo Bertrando e Marco Bianciardi; La natura sistemica dell`uomo. Raffaello Cortina Editore.
Um dos capítulos, escrito pelo nosso amigo Pietro Barbetta, faz um percurso diferencial entre Bateson e Foucault.

Numa das curvas do percurso aparece o tema do SELF e do PODER, tão caro a Foucault. Hoje unicamente vou relembrar o clássico exemplo de Bateson para criticar o EU (e o PODER) como entidade transcendente. Diz assim:

"Não é possível que um sistema que manifesta características mentais, uma das suas partes, possa exercer um controlo unilateral sobre o todo". (Bateson, 1971)

O exemplo que utiliza Bateson para demonstrar a sua afirmação é a seguinte:
Imaginem a cortar uma árvore. O homem ocidental vê esta operação como uma acção finalista do EU que corta a árvore. O EU, único centro de controlo da acção que corta a árvore, vem de-construído por Bateson da seguinte maneira:

Mais correctamente se deverá decompor a questão como segue: (diferença na árvore)-(diferença na retina)-(diferença no cérebro)-(diferença nos músculos)-(diferença no movimento do machado)-(diferença na árvore) etc. Aquilo que se transmite ao longo do circuito são transformas de diferenças...una diferença que produz uma diferença é uma ideia ou uma unidade de informação. (Bateson, 1971)

Segundo Bateson o EU é um postulado de uma entidade transcendente ao sistema, que o controla e actua com a finalidade por forma a obter do sistema aquilo que quer.

Quarenta anos depois deste mecanismo explicativo, nada dormitivo, continuamos a ser pouco sistémicos, pelo que blogs como este se justificam para preservar ideias, que podem ajudar o Sistema (o EU incluído) a evoluir sabiamente.

O film de Francisco Varela, disponível no FaceBoock, é outro convite a pensar sistemicamente, tendo em conta que Varela criou o termo "Acoplamento estrutural" e critica ferozmente o modelo da representação cognitiva tão genuinamente egoístico e com vontade de poder (Nietzsche) e desligado do resto, ou seja, do sistema.

Nos vemos!
Carlos Glez Díez

terça-feira, 13 de março de 2012

Após apresentação do meu genograma...

 "O valor das coisas não está no tempo em que elas duram,
mas sim na intensidade com que acontecem,
Por isso existem momentos inexplicáveis e pessoas incomparáveis"

Fernando Pessoa



Obrigada a todos pela vossa presença, pela disponibilidade e pela grande generosidade que tiveram na sessão em que apresentei o meu genograma!
Foi uma experiência incrivelmente surpreendente.. Algumas coisas já estavam pensadas.. não trabalhassemos nós no Centro de Terapia... !!!
No entanto, muitas visões novas surgiram...!!! Muito bom
Muito obrigada à nossa querida espenholita Natália, que tem a árdua tarefa de guiar a apresentação e à Carolina por ter sido um verdadeiro suporte...
Ao Ruben, Carla, Eneida, Xana, Clarisse, Carolina Teves, Bia, Eva
o meu muito obrigado por terem vestido o papel de pessoas da minha familia tão importantes para mim ... e por me terem devolvido um lado muito apazaguardor da minha história...

Abraço
Anica 
     
  

quinta-feira, 1 de março de 2012

Jacques Salomé é o chamado "escritor da ternura".

Psicólogo e Sociólogo francés, experto em Ecología Relacional. Fiquei a conhecer a este autor na nossa primeira supervisao em Lisboa. Uma colega explicou uma técnica activa inventada por ele para trabalhar na terapia. Procurei coisas dele, e encontrei esta poesía que acho linda e quero partilhar.

De sonrisa en sonrisa,
de silencio en silencio,
de caricia en caricia,
de dulzura en dulzura.
De la mirada al suspiro,
de la violencia a la espera,
de partida en partida,
y de herida en herida.
De la espera al error,
del rechazo a la búsqueda,
del recuerdo al olvido,
y de placer en placer.
Del llanto al descubrimiento,
de la risa al llanto,
de los recuerdos a las palabras,
y de beso en beso.
Vamos lentamente el uno hacia el otro.
Jacques Salomé


Natalia.